publicado em 18/05/2011 às 18:31
Já existem normas que tratam de acústica e que definem os ruídos máximos admissíveis que o ser humano pode conviver sem prejuízo à sua saúde, dependendo de sua utilização. Por exemplo, há ruídos admissíveis para situações de repouso, lazer, trabalho etc.
A diferença da Norma Brasileira de Edifícios de até cinco pavimentos (NBR 15575 – Partes 1 a 6), conhecida como Norma de Desempenho, em relação a estas normas é que, pela primeira vez, se define um nível mínimo de isolamento acústico que os sistemas construtivos devem atender, de tal forma que os ruídos admissíveis das normas existentes possam ser atendidos. A questão é que as novas tecnologias permitiram materiais e sistemas com menor espessura, e isso garantiu a estabilidade das obras, mas piorou o desempenho acústico. Este fato, aliado ao crescente nível de exigência, informação e instrumentos do usuário, trouxe o tema para discussão. Com a publicação da Norma e com o assunto na grande mídia, o desempenho acústico obrigatoriamente fará parte das agendas dos projetistas e construtores a partir de agora.
A finalidade da NBR 15575 é estabelecer um nível mínimo de desempenho para alguns sistemas que compõem as edificações, levando em conta a padronização internacional ISO para o tema. A grande diferença em relação às muitas normas técnicas que já existem para a construção civil, é que esta norma não define soluções, não prescreve uma “receita de bolo”, mas cobra resultados que podem ser atingidos com qualquer tipo de tecnologia. Desempenho significa comportamento em uso e um edifício tem um bom comportamento quando responde aos objetivos para o qual foi concebido, que é atender as necessidades humanas.
Desempenho significa comportamento em uso e um “ bom “ comportamento de um prédio ocorre quando os usuários são atendidos. A norma traduz as necessidades humanas em requisitos técnicos e segue uma padronização internacional de normas ISO. Os requisitos contemplados na norma e que se aplicam a alguns sistemas contemplados envolvem segurança estrutural, segurança contra incêndio, desempenho térmico, lumínico, acústico, manutenibilidade, conforto tátil e antropodinâmico entre outros. A tradução das necessidades humanas é uma tarefa complexa, pois as pessoas têm exigências que são diferentes, crescentes, variáveis e que dependem ainda da expectativa que o consumidor tem da empresa que ele adquire um imóvel. Envolve áreas da sociologia, antropologia, ergonomia e outros ramos da ciência além da engenharia e arquitetura. Mas é muito importante para o mercado que as necessidades humanas sejam traduzidas tecnicamente, até porque isso vai diminuir bastante a subjetividade da avaliação da qualidade das construções e balizar o judiciário nas demandas entre consumidores e construtores.
Entrevista com Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia do Secovi-SP
Fonte: Primeiramão Notícias
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